Resenha Literária: Anne de Avonlea
março 14, 2022Ah, a leitura…
A relação com a leitura é envolta em diferentes camadas, não é mesmo? Não sou a leitora mais praticante que você possa imaginar e tenha conhecido, também estou longe de ocupar o cargo de ser uma esplêndida resenhista, mas acredito que aqui esteja a grande mágica sobre ler:
tudo acontece no nosso tempo, respeitando nossos limites e permitindo que nossa imaginação voe alto.
E é assim que começo essa resenha sobre Anne de Avonlea. Se pareceu muito poético o parágrafo anterior, é que de fato Anne Shirley inspira palavras e também a imaginação. Entrar no universo da nossa menina de cabelos ruivos é se apaixonar por cada riqueza de detalhe. A forma com a qual ela realiza a leitura do mundo em sua volta e a capacidade de transformar as coisas simples é uma verdadeira fonte de inspiração.
É preciso, talvez, que você tenha um pouco de paciência nessa leitura, especialmente se não for grande fã de narrativas muito descritivas, confesso que Lucy Montgomery traz em sua escrita longos detalhes o que pode ser incômodo para algumas pessoas, mas, por outro ângulo faz com que a experiência imaginária seja rica, é tudo uma questão de perspectiva. Cada paisagem descrita pela autora, por exemplo, me faz transportar facilmente para a pequena Avonlea, andar por cada rua, cada casa, visitar os riachos, florestas e jardins, e conseguir projetar na minha cabeça um cenário acolhedor, uma fuga em dias ruins.
“Não gosto de pessoas e lugares sem defeitos. Acho que uma pessoa verdadeiramente perfeita não seria interessante.” - Página 33.
Anne de Avonlea é o segundo livro da série Anne, caso você ainda não tenha lido o primeiro livro da série recomendo fortemente que faça a leitura, assim você consegue criar uma linha cronológica mais fácil em sua cabeça, além de entender melhor alguns fatos. Aqui no blog existe também uma resenha sobre Anne de Green Gables, se quiser conferir antes de seguir eu tenho todo o tempo do mundo para esperar!
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Nessa parte da história vamos acompanhar Anne entre os seus 16 até os 18 anos. Agora formada na Queens, Anne conquista o diploma para lecionar e assim ganhará o respeito da vizinhança de Avonlea uma vez que ficará responsável pela escola do vilarejo.
Logo no início, bem nos primeiros capítulos, somos apresentados às novas personagens que nos acompanharão durante a leitura, entre eles o Senhor Harrison, com um temperamento um tanto difícil. Além dele e seu papagaio tagarela, teremos a presença dos gêmeos Dora e Davy, filhos de uma prima de terceiro grau de Marilla que acaba falecendo e deixando as crianças em Green Gables e ganham uma grande importância ao longo do romance. Outros dois importantes e novos nomes são Paul Irving e Senhorita Lavendar, que deixam a história ainda mais agradável, ou como podemos dizer, com o coração quentinho.
A trama envolve o dia a dia de Anne como professora na Escola de Avonlea, acompanhamos sua rotina, sua ideologia educacional em um período onde ainda se questionava o uso da palmatória na educação infantil, suas escolhas e amadurecimento gradual mediante as situações que envolvem sua turma. É possível acompanhar de perto como a educação era realizada e aceita pela sociedade no fim do século XIX, é um excelente pano de fundo para refletir sobre o quanto avançamos, e o quanto ainda precisamos avançar para obter uma sociedade igualitária e maior investimento na educação.
“Tudo que é válido na vida dá algum trabalho”. - Página 80.
Durante a leitura conhecemos Paul Irving, um garotinho que chega a Avonlea para ser criado pela sua avó paterna depois que sua mãe morre. Paul é mais uma das almas irmãs que a vida colocou no caminho de Anne e que compartilha com ela sua imaginação de forma livre e confortável. Sua história estará ligada à Senhorita Lavendar, uma mulher solteira de meia idade que dividirá com Anne um grande segredo de seu passado, uma das histórias que mais prende ao longo da narrativa.
Em Anne de Avonlea, mais uma vez somos convidados a viver aventuras pela Ilha do Príncipe Eduardo, acompanhar Anne e Diana em uma amizade que cresce ainda mais, a conciliação entre sua rotina e dedicação aos estudos para entrar na tão sonhada Faculdade de Redmond, a criação da Sociedade de Melhorias de Avonlea, o projeto de Anne e seus amigos, a fim de, trazer mudanças para o vilarejo, incluindo uma pintura de fachada um tanto bizarra! Lidar com as mudanças que o "crescer" nos trás, conhecer novos lugares e descobrir diferentes histórias que nos deixam inúmeras lições de amor e afeto.
Por fim, esse é um livro que considerei beeeem de transição entre o primeiro para o terceiro, apesar de demorar um pouco para finalizar a leitura, porque algumas vezes pareceu cansativo por se tratar de uma história que acontece em um espaço limitado e repetitivo, não perdeu a magia que é acompanhar Anne em suas aventuras.
Em geral, saímos de Anne de Avonlea com uma sensação de que o tempo é precioso, passageiro e irrecuperável, precisamos aproveitar cada minuto que temos, deixar o orgulho de lado, lutar pelos nossos sonhos e principalmente dizer o quanto amamos e gostamos de alguém antes que seja tarde.
“Cada manhã é um novo começo, a cada manhã o mundo é recriado…” - Página 111.
Bom, essa foi a breve resenha do livro Anne de Avonlea, aquela história para dias pesados, levinha e que deixa o dia mais suportável. Se você caiu aqui de paraquedas e leu até o final, saiba que eu estarei com um sorriso gigante em meu rosto nesse momento!
Não deixe de acompanhar outros textos por aqui, talvez não sejam os melhores, sabe?
Mas será um prazer dividir um pouco do meu mundo com você!
Um grande abraço!
Mylena.
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